quarta-feira, 1 de abril de 2015

Vida que segue

Arrombaram o carro do pai dos meninos ontem à noite e levaram as mochilas dos três. João, ao ver o vidro quebrado, não parava de chorar e repetir que tinham levado tudo o que ele tinha. Com as mãozinhas na cabeça, andava de um lado para o outro e, a cada vez que se lembrava de um objeto, chorava mais e dizia o quanto aquelas coisas eram importantes para ele. Sofreu por si. Sofreu pelos irmãos. Sofreu pelo pai. Sofreu até por mim, preocupado com o investimento que eu teria que fazer para comprar tudo de novo. Dormiu no meu colo, soluçando de tanto chorar.

Foi de cortar o coração ver aquele rapazinho, ainda tão pequeno, sendo vítima da violência urbana. Ainda mais no dia do aniversário. O máximo que pude fazer foi comprar tudo novamente na primeira hora do dia seguinte. Encapei os novos cadernos, fiz margem, colorimos um desenho bem bonito e continuamos de onde paramos.

Um pouco mais tristes, é verdade.
Mas agradecidos pela oportunidade do recomeço.
Afinal, é vida que segue.


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